quinta-feira, 18 de abril de 2013

Algumas constatações sobre a vidinha em Paris




Sair com o cabelo molhado pelas ruas de Paris é o equivalente a fazer topless na avenida Paulista. É sempre uma opção, mas esteja preparado para os olhares de condenação.

As pessoas aqui fazem cara feia pra coisas muito salgadas e pra coisas muito doces. Açúcar e sal fazem muito mal para a saúde, argumentam. Já fumar feito uma chaminé é liberado. Ninguém vai te olhar torto.

Não se faz absolutamente nada em Paris sem marcar um "rendez-vous" (rendêvu), mais conhecido como RDV. Mas é pra tudo: médico, pra fazer inscrição na escola, pra planejar móvel na loja, pra fazer documento, pra entregar dossiê, pra contratar serviços. E se você aparece no lugar inadvertidamente e a pessoa está lá sem fazer nada, jogando paciência no computador, ela marca um RDV pra você voltar na próxima semana. 

Tudo que você for fazer vai exigir um dossiê aqui na França: se inscrever na escola, em serviços públicos, contratar um serviço. E não é raro eles te cobrarem uma taxa para preparação do tal dossiê, sendo que,  na verdade, quem prepara e entrega todos os documentos para o dito cujo é você mesmo.

Pra calcular quanto tempo vai demorar pra fazer alguma coisa por aqui, basta multiplicar por três o tempo necessário pra fazer a mesma coisa no Brasil. Um móvel sob encomenda, demora de 8 a 10 semanas. Instalar internet, 3 semanas.

Existem algumas épocas do ano que você sente muito frio na rua mas dentro do metro faz um calor de 40 graus. Eu suava como se estivesse na academia mesmo tirando o cachecol. Já os franceses continuavam totalmente vestidos e não se via uma gotinha de suor, nem mesmo um brilho leve no rosto. Eu ainda acho que eles usam um secreto anti-transpirante corporal.

Aqui não existe a epidemia de cabelos louros que existe no Brasil. O falso louro é bem, mas bem mesmo, menos comum. Além disso, a mulherada costuma assumir muito mais seus cabelos brancos e ficam lindas e elegantes.

As pessoas aqui ainda usam muito o cheque e muito o correio. As pessoas te mandam formulários por e-mail, para você preencher, assinar e mandar de volta pelo correio! E pior, elas pedem pra você enviar cheques pelo correio como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Francês faz compras pra semana no máximo. Então, no supermercado você quase não vê gente com uma quantidade enorme de produtos. Normalmente, eles compram o que são capazes de carregar. Eu demorei um bom tempo pra entender a lógica. Confesso que não consigo passar no mercado todo dia. Então, agora, compro a maior parte das coisas online e passo no mercado apenas pra comprar umas coisinhas. Tão francês! ;)

Francês é do tipo que ainda escreve cartas! E pra muita coisa: cartas pra reclamar, carta pra solicitar serviços, carta pra pedir cancelamento de serviços. Essas cartas têm um formato bem estabelecido e usam expressões que causariam acesso de risos no Brasil. Mas aqui eles levam tudo isso muito à sério e não usar esse tipo de linguagem e estrutura já em si uma falta de respeito.

Franceses são muito elegantes mas sem ostentação. É muito raro você vê um francês estampando o nome de uma marca em qualquer peça do vestuário, seja na camiseta, na bolsa, no cinto... E se você insistir em usar esse tipo de coisa aqui, você corre o risco de alguém ironicamente te perguntar se você está sendo patrocinado pela marca.  

As pessoas aqui chegam na hora. E quando acontece um imprevisto e elas vão chegar atrasadas, mesmo que seja 10 minutos, elas enviam uma mensagem ou ligam para avisar.

Em Paris, roupa esportiva serve para fazer esporte. Ponto. E isso inclui o tênis.

Aqui é raro as pessoas terem secretárias. Se o médico não trabalhar numa clínica, é muito comum você ligar pro consultório e ele mesmo atender e marcar seu RDV, digo, consulta. E ele mesmo liga pra remarcar em caso de problemas. 

Aqui, quando um estranho se dirigir a você, a primeira coisa que vai dizer é "Bonjour", seguido de um Madame ou Monsieur. E eles esperam o mesmo das outras pessoas. Eu acho isso muito bom, é como um pedido de desculpas pela invasão do seu espaço. Muito melhor do que sair metralhando um monte de informações sem nenhum aviso prévio.

Uma coisa não muda: atendimento telefônico das empresas. A mesma novela aqui e no Brasil. Com um agravante, aqui eles falam francês!

*Atualização: alguns pontos bem lembrados pela Fabiana Fernandes*

Uma outra questão muito peculiar é a relação dos franceses com as crianças. Nos restaurantes, é comum você ver vários cachorros, lindos e educados, sentados aos pés dos seus donos, é natural. Já crianças são raras... E crianças chorando ou fazendo muito barulho, então, são motivo de indisposição com os outros clientes. Outra questão que me deixou chocada, foi que as pessoas se acham no direito de intervir e ir 'conversar' com seu filho eles mesmos. O que já me fez virar uma leoa e rosnar para uma jovem e intrépida francesa!

Duas coisas que chamam a atenção pelas ruas aqui são o número de bitucas no chão e as cacas de cachorros. Não dá pra entender! Existem lixeiras espalhadas pela cidade inteira, duas, três por quadra. E mesmo que o fumante esteja ao lado de uma, ele vai jogar a danada no chão. Com as cacas de cachorro a relação é a mesma, a maioria não recolhe. Parece que eles acreditam que essas coisas 'pertencem' às calçadas. Mas não deixe cair um papel de bala no chão...

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